No
Brasil, cerca de um terço dos atendimentos de emergência por trauma no Sistema
Único de Saúde (SUS) envolvem pessoas com mais de 60 anos de idade. Além disso,
os acidentes representam a 5ª causa de morte entre idosos, sendo as quedas os
mais corriqueiros. “As lesões mais comuns relacionadas a quedas são hematomas e
arranhões e, em alguns casos, lesões que necessitem de sutura. As complicações
mais graves são fraturas e traumatismo craniano”, alerta a médica geriatra do
Hospital Esperança Olinda Karla Nascimento Soares.
Segundo
a profissional, cerca de um terço dos idosos com mais de 65 anos tem algum
episódio de queda pelo menos uma vez ao ano. Entre aqueles com mais de 80 anos,
esse tipo de acidente pode chegar a até 50%. As quedas geralmente ocorrem em
casa. Principalmente à noite, no trajeto entre o quarto e o banheiro.
O idoso pode apresentar também deformidades, dor crônica e depressão.
“Em longo prazo, pode ocorrer maior frequência de hospitalizações, perda da
independência e maior mortalidade”, alerta Karla Nascimento.
As
causas das quedas geralmente envolvem múltiplos fatores que podem interferir na
atenção, postura, equilíbrio e na forma de caminhar do idoso, a exemplo do uso
de medicações como sedativos e hipnóticos, quadros demenciais e história
anterior de acidente vascular encefálico (AVE). “Além disso, idosos com
distúrbios visuais e auditivos deverão ser tratados para melhorar a atenção e
orientação”, completa a médica.
“A
forma mais efetiva para auxiliar na prevenção de acidentes é tornar o ambiente
doméstico mais seguro para os idosos, assim como os grandes espaços públicos da
cidade”, explica Karla Nascimento. Durante uma consulta com o geriatra, esse
idoso pode ainda passar por uma revisão dos medicamentos que utiliza e que
podem contribuir para a ocorrência de quedas. Deve ainda ser avaliado, quando
indicado, com relação ao risco de osteoporose e tratado quando necessário.
“Além disso, é recomendado que os pacientes mantenham uma dieta rica em
nutrientes e com suplementação alimentar, se necessário, para garantir o peso
ideal e o aporte necessário de proteínas”, diz a geriatra, que ressalta a
importância da suplementação com vitamina D, uma vez que idosos com deficiência
desta vitamina têm risco elevado de perda de força e massa muscular.
Segundo
a geriatra, a prática de exercícios na terceira idade é bastante recomendada
para diminuir o risco de lesões e acidentes. “O idoso deverá intercalar
exercícios para melhorar a flexibilidade e o equilíbrio (como o tai chi chuan,
dança ou pilates) com exercícios de resistência para fortalecer a musculatura e
evitar a perda de massa muscular”, orienta Karla Nascimento.
Atendimento
– O idoso caiu. E agora?
O primeiro passo é manter a calma e avaliar se há
alguma lesão ou sangramento. O idoso deverá levantar com auxílio de outra
pessoa e devagar. Caso esteja sozinho, deverá tentar apenas quando se sentir
bem e disposto. “Devemos evitar movimentar de forma excessiva, e, em casos mais
graves, não movimentar o idoso até a chegada de profissional paramédico ou
médico”, explica Karla Nascimento Soares.
“Se
houver ferimentos, lavar com água ou soro fisiológico e não colocar nenhuma
outra substância. Em caso de sangramento importante comprimir o local com pano
limpo”, explica a médica. Ela diz ainda que não se devem utilizar medicações
sem prescrição médica e evitar usar compressas quentes, que aumentam o
sangramento e a inflamação do local. “Na presença de qualquer lesão,
dificuldade de movimentar uma parte do corpo, dor, perda de consciência ou
sonolência excessiva, o familiar ou cuidador deverá se dirigir a uma unidade de
emergência imediatamente. Se não houver possibilidade de levar o idoso ao
hospital, deve acionar o serviço de ambulância, que pode ser o Samu ou Corpo de
Bombeiros – que respondem pelos telefones 192 e 193, respectivamente”, orienta.
“O
principal ponto que devemos pensar é que a maioria dos acidentes ocorre de
forma inesperada e pode acontecer com qualquer idoso”, afirma a geriatra Karla
Nascimento Soares. “Muitas vezes, ter consciência de suas limitações e a
mudança de hábitos são as etapas mais difíceis para auxiliar na prevenção”,
completa.
Como
prevenir acidades em casa
Algumas
mudanças podem ser benéficas e auxiliar na prevenção de acidentes no ambiente
doméstico.
–
Toda casa deve ser um ambiente acessível para o idoso, bastante iluminado e com
interruptores de fácil acesso;
–
Fazer uso apenas de medicamentos prescritos pelo médico;
–
Os medicamentos devem estar longe do alcance de idosos com demência para evitar
intoxicações;
–
Eliminar mobília excessiva para facilitar a locomoção inclusive de idosos que
utilizem dispositivos como andadores, cadeira de rodas ou bengalas;
–
Utilizar gavetas que deslizam;
–
Uso de corrimãos em corredores e escadas;
–
Evitar tapetes e, quando possível, usar pisos antiderrapantes;
–
Não fazer uso de chinelos ou sandálias mal adaptadas. Optar por calçados
estáveis e antiderrapantes;
–
Optar por torneiras tipo alavanca ou com sensor de movimento;
–
Usar barras de segurança próximo ao vaso sanitário e box, para auxiliar na
higiene e no banho;
–
Ter telefones de emergência de fácil acesso (familiares, vizinhos, Samu e Corpo
de bombeiros).
Como
prevenir acidades na rua
Também
é possível tomar alguns cuidados em ambientes urbanos, onde os recursos e
estrutura para garantir a acessibilidade dependem de órgãos públicos e
privados.
–
Sair de casa com documentos pessoais, a carteira do plano de saúde (quando
possuir) e o número de contato de emergência;
–
Trafegar por calçadas e áreas bem conservadas sem declives ou depressões. De
preferência; com pisos não escorregadios;
–
Priorizar rampas ao invés de escadas;
–
Dar preferência ao uso de elevadores ao invés de escadas e esteiras rolantes;
–
Caminhar em locais bem iluminados. Se possível, evitar sair sozinho durante o
período noturno;
–
Realizar travessias nas ruas apenas em locais sinalizados, na faixa de pedestres;
–
Fazer uso de calçados confortáveis com estabilidade e bem ajustados;
–
Pessoas com déficit auditivo e/ou visual devem usar sempre aparelhos auditivos,
óculos ou lentes;
–
Utilizar dispositivos de auxílio para locomoção quando indicados, como por
exemplo: cadeira de rodas, andador, bengalas;
–
Idosos com limitação física e cognitiva devem estar sempre acompanhados por
outra pessoa;
–
Caso necessite de transporte público, não hesitar em pedir ajuda para entrada e
saída.
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