
No
poema “O Cão sem Plumas”, de 1950, João Cabral faz uma descrição do Recife e
seus habitantes tomando o Rio Capibaribe como guia. O Capibaribe e esses
moradores da cidade seriam ambos “cães sem plumas”, expressão que denomina
situações destituição absoluta. Um “cão sem plumas”, diz o poeta, “é quando uma
árvore sem voz. / É quando de um pássaro / suas raízes no ar. / É quando a
alguma coisa / roem tão fundo / até o que não tem”.
Nomes
de gerações diversas como Eduardo Coutinho, Gil Vicente, Paulo Bruscky e
Claudia Andujar integram a exposição, que retrata “cães sem plumas” Brasil
afora. Pessoas em situações precárias, que sofrem com abandono, preconceito,
vício, pobreza e tantas outras mazelas humanas que comprometem a própria
percepção de humanidade. De diferentes formas e linguagens, as obras refletem
em torno do tema, ampliando seu significado a partir de fotografias, vídeos,
ilustrações e gravuras.
Complementando
a discussão, será realizado um ciclo de debates na Fundação Joaquim Nabuco,
também com entrada livre para o público. Nos dias 24 de abril e 5 e 7 de maio,
sempre às 19h, artistas, sociólogos e pesquisadores se reúnem para discorrer os
temas “Falar de quem não tem fala”, “A pobreza de quem não interessa” e “O
invisível representado”, inspirados no poema de João Cabral.
AQUÁRIO
– Junto com “Cães sem Plumas”, o Mamam estreia instalação no espaço Aquario
Oiticica, que sempre traz participações de artistas convidados. O nome é
derivado do fato de se tratar de uma sala com paredes de vidro e de um local no
museu que se chamava Espaço Experimental Helio Oiticica. Paulo Bruscky foi o
responsável pela inauguração do Aquário Oiticica com uma exposição do seu
acervo pessoal de Helio Oiticica. Dessa vez, o espaço recebe uma
intervenção da artista Flora Assumpcao, intitulada “Rabo de Lagarto”,
que consiste em um desenho que toma a arquitetura do Aquário como uma
planta que se apodera de uma construção vencendo o concreto.
Inauguração
da exposição “Cães sem plumas”
Local: Museu
de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) Rua da Aurora, 265, Boa Vista -
Recife
Data: 23 de abril
Data: 23 de abril
Horário:
19h
Funcionamento
nos demais dias: De terça a sexta de 12h às 18h; sábados e domingos, de 13h às
17h.
Entrada gratuita
Informações: (81) 3355-6870/ 3355-6871/ 3355-6872
Entrada gratuita
Informações: (81) 3355-6870/ 3355-6871/ 3355-6872
Debates
em torno dos “cães sem plumas”
Local:
Fundação Joaquim Nabuco (Sala Aloísio Magalhães)
Rua
Henrique Dias, 609 – Derby |Recife PE
24
de abril (quinta-feira) | 19h
“Falar
de quem não tem fala”
Por
quê e como falar do outro que não possui nada; a quem por vezes falta até mesmo
a capacidade de enunciar sua condição de destituído.
José
Rufino (artista)
Luiz
Ruffato (escritor)
Moacir
dos Anjos (curador e pesquisador da Fundaj)
5
de maio (segunda-feira) | 19h
“A
pobreza que não interessa”
A
miséria do olhar em relação às populações mais precarizadas do Brasil; a
opacidade social dos que não vivem como “cidadãos” em seu país.
Fabiana
Moraes (socióloga e jornalista do Jornal do Commércio)
Jessé
de Souza (sociólogo e professor da UFJF)
Maria
Eduarda Rocha (socióloga e professora da UFPE)
7
de maio (quarta-feira) | 19h
“O
invisível representado”
A
representação do que
não é comumente visto; a construção de um lugar de visibilidade em um tecido
social que apaga e exclui.
Luiz
Camillo Osório (professor de estética e curador do Mam RJ)
Márcio
Selligman-Silva (crítico literário e professor da Unicamp)
Virgínia
de Medeiros (artista)
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Fonte de
informação: recife.pe.gov.br
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