Há
200 anos, Pernambuco viveu um momento único na história do Brasil, quando fez
uma revolução e, durante 75 dias, viveu uma república à parte, livre da Coroa
portuguesa. Para lembrar o bicentenário histórico e revisitar o processo
libertário, o Museu da Cidade do Recife (MCR), em parceria com o Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), inaugura a exposição
"1817 - Revolução Republicana" no dia 12 de março, aniversário da
cidade. A exposição fica em cartaz durante um ano e toma praticamente todos os
espaços do museu, localizado no Forte das Cinco Pontas, um dos locais
emblemáticos da própria revolução. A abertura acontece às 16h e conta com
lançamento de livros e apresentação de uma composição musical própria.
A
exposição é dividida em cinco eixos e possui mediadores para receber escolas e
espectadores em geral. Abrindo a visitação, a sala "Revoluções"
mostra, através de textos e imagens históricas, o cenário que fez ebulir os
ideais revolucionários. O ponto de partida é uma projeção com os nomes dos 150
homens presos no Forte de São Tiago das Cinco Pontas. A pesquisa aborda os
ideais que moveram as revoluções em vários cantos do mundo, como a Revolução
Francesa, a independência dos Estados Unidos e outras ações libertárias na
América. "É uma exposição de ideias", define a diretora do MCR e
organizadora da exposição, Betânia Corrêa de Araújo.
No
segundo eixo, o visitante faz um passeio ao Recife do início do século XIX,
então chamado de Vila de Santo Antonio do Recife de Pernambuco. Os desenhos do
pintor e desenhista francês Jean-Baptiste Debret e do viajante e escritor
francês Louis-François de Tollenare foram utilizados na construção de vídeos para
mostrar ao visitante o cotidiano de um vila no período da revolução. "A
Vila de Santo Antonio, um dos principais portos do Atlântico, e as informações
que chegavam, veiculadas nos mosteiros e nas lojas maçônicas, fizeram fomentar
a possibilidade de uma nova ordem", observa Betânia Corrêa de Araújo.
O
terceiro eixo, chamado "Dezessete", é dedicado à Revolução. Estão
expostos documentos e objetos históricos pertencentes ao IAHGP, entre eles, a
espada do Leão Coroado e a primeira prensa que chegou ao Recife na primeira
metade do século XIX. A exposição exibe também fac-símiles do Preciso
(documento para nortear a ação do governo) e o manuscrito da Lei Orgânica
escrita durante a república implantada no Pernambuco da época - o território se
estendia pelo hoje estado de Alagoas e avançava em áreas que atualmente são da
Bahia.
Em
seguida, no quarto eixo, Cidade Memória, 12 vídeos com depoimentos de
historiadores mostram os lugares onde a revolução se fez presente de forma mais
próxima. São locais do Recife atual exibidos em curtos vídeos - em cada deles,
um historiador comenta o episódio ali vivido. Entre esses endereços, está o
próprio Forte das Cinco Pontas. "A cidade não é só o que se vê, mas também
essas memórias", reflete Betânia. Outros locais são o Seminário de Olinda,
o Quartel do Exército (onde hoje se localiza o prédio do INSS, na Av. Dantas
Barreto) e o Forte do Brum, onde se refugiou o então governador da capitania,
Caetano Pinto.
"A
revolução foi a ideia e também a concretização, única, da separação da coroa
portuguesa. O movimento teve a ideia de romper o status quo vigente",
afirma o historiador e professor Sandro Vasoncelos, um dos autores da narrativa
histórica da exposição ao lado do também professor e historiador Marcus
Carvalho e do pesquisador e historiador Mateus Samico. A convite do museu,
também há textos do urbanista e pesquisador José Luiz Mota Menezes e do
pesquisador e historiador George Cabral.
Dedicada
às bandeiras, o quinto e ultimo eixo é interativo. Além de estarem expostas
a bandeira da revolução pernambucana e outras que inspiraram o processo
republicano, o visitante é convidado a criar e expor a sua própria bandeira -
no local, há cartolina e lápis de cor para a empreitada e um varal para que a
obra seja colocada. "A ideia é que cada um faça sua bandeira e exponha
suas ideias revolucionárias", explica a diretora do museu.
Livros
e suíte
A
exposição ganhou uma composição própria, que será apresentada pela primeira vez
na abertura. Composta pelo músico e professor Múcio Calou, a suíte possui oito
partes. A execução da composição ficará a cargo de um quarteto com flauta,
violoncelo, violão e contrabaixo - o próprio Calou estará apresentando, no
violão.
Também
dois livros serão lançados com a exposição: o ABCdário da Revolução Republicana
de 1817 e a reedição da História da Revolução de Pernambuco em 1817, escrito no
século 19 por Francisco Muniz Tavares, que fez parte da ação e que chegou a ser
preso no Forte das Cinco Pontas. Organizado por Betânia Correa de Araújo em
parceria com a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), o ABCdário conta a
história da revolução através de quase 70 verbetes. Já a reedição, publicada
pela Cepe, é feita a partir da segunda edição, publicada em 1969, e que serviu
também de guia para a mostra.
A
tipologia do ABCdário, assim como todo o material da exposição, remonta à
época. O designer Raul Kawamura foi buscar a fonte criada pelo tipógrafo inglês
William Caslon em 1722 e muito usada no início do século 19, principalmente nas
colônias da América.
Serviço
"1817 - Revolução
Republicana"
Abertura:
12 de março, às 16h
Visitação:
terça a domingo, das 9h às 17h, até 5 de março de 2018
Onde:
Museu da Cidade do Recife - Forte das Cinco Pontas, São José, Recife.
Quanto:
gratuito
Curadoria:
Maria de Betânia Correa de Araújo
Participação
: Marcus Carvalho, Mateus Simon Samico, Sandro Vasconcelos,Jose Luiz Mota
Menezes, George Cabral, Lúcia Matos, Leonora Lacerda e Jacaré Vídeo.
Concepção
Visual: Raul Kawamura
Museu
da Cidade do Recife: (81) 3355.9558.
Créditos das imagens:
Imagem da bênção das bandeiras
dos revolucionários pernambucanos | Crédito: Acervo Museu Antonio Parreiras
Imagem do quartel onde foi
assassinado o brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa de Castro | Crédito: Manoel
Bandeira / APEJE
Imagem Forte das Cinco Ponta –
Museu da Cidade do Recife: Arquivo pessoal Casinha da Cys.
Fonte: G&M Comunicação
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