Durante
a gravidez, o coração da mãe e o também o coração do bebê merecem atenção
especial. Um cuidado que pode prevenir riscos e tratar questões com mais
brevidade e maior chance de cura. A cardiologista Sandra Mattos,
diretora da Unidade de Cardiologia Materno Fetal (UCMF), no Hospital Português,
estará esclarecendo todas as dúvidas das futuras mamães e papais durante a
Gestante Brasil, Feira da Gestante e da Criança, que será realizada de 9 a 14
de outubro, no piso L3 do RioMar Shopping. Dra. Sandra dará uma
palestra na terça-feira (09/10) das 19h às 20h e vai participar do
Encontro de Gestantes no sábado (13/10) das 17h30 às 18h.
Como prevenir
As
cardiopatias congênitas podem ser prevenidas em parte através da vacinação
contra a rubéola e do consumo de ácido fólico. Já a prevenção de problemas no
coração da mamãe pode ser feita com o combate à hipertensão, ao ganho de peso
excessivo, à diabetes, com hábitos de alimentação e vida saudáveis.
Causas
As
cardiopatias congênitas não têm causa definida, ocorrem pela interação de
fatores genéticos e ambientais. No entanto, está comprovado que existem algumas
situações que podem contribuir para o aumento do risco dessa condição. Mães com
mais de 35 anos, históricos de filhos anteriores cardiopatas, mães diabéticas,
portadoras de lúpus e hipotireoidismo, mães que apresentaram toxoplasmose ou
rubéola ou aquelas que fizeram uso de anticonvulsivos, antiinfamatórios, ácido
retinóico, lítio durante a gravidez podem aumentar as chances de alterações na
formação do coração do feto. Gravidez de gêmeos, múltiplos ou fertilização in
vitro também podem ter influência.
Parecer cardiológico da
gestante
O
pré-natal bem feito tem importância vital no sucesso da gestação, trazendo
segurança tanto para mãe quanto para o feto. Hoje se entende que, devido a
frequência das complicações relacionadas as cardiopatias e principalmente à
hipertensão na gravidez (que pode chegar a 10% das gestações), a avaliação da
gestante por um cardiologista é fundamental para diminuir os riscos de
pré-eclâmpsia/eclâmpsia e AVC, durante a gestação, parto e
puerpério. O parecer cardiológico é realizado por meio do
ecocardiograma direcionado para as necessidades da gestante. Caso seja detectada
alguma necessidade especial, o acompanhamento é iniciado por um cardiologista
especializado na saúde do coração da gestante. Mulheres em idade fértil que
planejem engravidar ou gestantes com diabetes, hipertensão crônica, doenças
renais, doenças autoimunes ou problemas de coagulação, portadoras de
cardiopatia, obesas e acima de 35 anos de idade devem fazer uma avaliação
pormenorizada com cardiologista.
Ecocardiograma fetal
Com
alta tecnologia, o coração da criança também começa a ser examinado e cuidado
antes mesmo do nascimento.O exame de ecocardiograma fetal deve ser
realizado entre a 22ª e 28ª semana de gestação, mesmo nos casos de baixo risco.
Um exame simples, mas de extrema importância, porque garante diagnósticos
precoces, o início do tratamento intra útero, a prevenção de problemas futuros,
a preparação para um parto adequado e o encaminhamento cirúrgico, quando
necessário. Os aparelhos de ecocardiograma fetal
tridimensional com reconstrução dinâmica sequencial mostram o coração
espacialmente, como se o observador estivesse dentro do corpo do bebê, ainda no
útero materno, permitindo visualizar todas as estruturas cardíacas externas e
internas em detalhes.
Teste do Coraçãozinho
Incorporado
aos testes de triagem em neonatais do SUS, em 2014, o Teste do Coraçãozinho é
um exame simples, indolor, rápido e não invasivo, que pode indicar a
probabilidade da criança ter uma cardiopatia congênita grave.Também chamado de
Oximetria de Pulso e recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, o
teste deve ser feito ainda na maternidade, antes da alta do bebê, como triagem
de rotina para os recém-nascidos. Ele mede a concentração de oxigênio no sangue
e pode detectar um defeito cardíaco, para que a criança inicie o tratamento o
mais rápido possível.
Diagnóstico precoce
As
cardiopatias podem ser suspeitadas durante a gestação pelo ultrassom
morfológico e confirmadas pelo ecocardiograma fetal ou ainda com a ajuda do
teste do coraçãozinho, que é feito na maternidade. Outra forma de diagnóstico é
por exame físico realizado pelo pediatra com ajuda de exames complementares
como raio x de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, cateterismo, holter de
24h e angiotomografia. O diagnóstico precoce pode salvar a vida da
criança, principalmente em cardiopatias congênitas mais graves, quando o parto
deve ser planejado e a criança precisa ser operada nos primeiros dias de vida.
As cardiopatias congênitas podem ser prevenidas em parte através da vacinação
contra a rubéola e do consumo de ácido fólico. Algumas cardiopatias não necessitam
de tratamento. Outras podem ser tratadas de forma eficaz com procedimentos com
cateteres ou cirurgia cardiovascular. Em alguns casos podem ser necessárias
várias cirurgias. Em outros, podem ser necessários transplantes de coração. Com
tratamento apropriado, o prognóstico é geralmente bom, mesmo dos problemas mais
complexos.
Números
No
Brasil, uma em cada 100 crianças nasce com alguma alteração na estrutura ou na
função do coração. Por ano, cerca de 28 mil crianças nascidas no país são
cardiopatas, representando 1% da população. Pelo menos 23 mil desses
bebês precisam de atendimento diferenciado e de cirurgia cardíaca. No entanto,
estima-se que 18 mil deles (78%) sequer recebem o tratamento, muitas vezes por
falta de diagnóstico, aumentando os índices de mortalidade neonatal.
Cardiopatia
congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge
nas primeiras 8 semanas de gestação, período em que se forma o coração do bebê.
Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca,
mesmo que descoberto anos mais tarde. As cardiopatias congênitas mais comuns
incluem alteração em alguma válvula cardíaca, que influencia no fluxo sanguíneo
dificultando ou impedindo sua passagem, alterações nas paredes do coração levando
a comunicações cardíacas que não deveriam existir e mistura do sangue oxigenado
com o não oxigenado ou ainda a formação de um único ventrículo. Pode ainda
haver a combinação de malformações.
Sintomas
Nos
bebês, os sintomas podem ser notados durante as mamadas, quando há o cansaço
excessivo e transpiração, o que também pode acontecer durante o sono.
Dificuldade no ganho de peso, irritação frequente e ainda cianose, que é
caracterizada pela ponta dos dedos e/ ou lábios arroxeados. Em crianças maiores,
o cansaço pode ser notado durante as atividades físicas ou até mesmo na
dificuldade de acompanhar o ritmo de outras crianças, crescimento e ganho de
peso de forma inadequada, infecções pulmonares repetidas, taquicardia ou ainda
lábios roxos e pele pálida quando brinca muito. Pode haver ainda episódios de
desmaios precedido de tontura, visão turva, dores no peito e mal-estar.
Complicações
Algumas
situações verificadas em ultrassom merecem ser mais bem investigadas com exames
específicos. Fetos que apresentem alteração na translucência nucal (detectada
no ultrassom de 12 semanas) ou malformação em algum outro órgão ou fetos com
suspeita de síndromes ou defeitos genéticos merecem atenção redobrada. As
síndromes mais comumente associadas à cardiopatia são: Síndrome de Di George,
Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Marfan, Síndrome de Noonan,
Síndrome de Patau, Síndrome de Turner e Síndrome de Williams Nos casos das
situações listadas, a realização do ecocardiograma fetal é muito importante,
mesmo que o ultrassom morfológico esteja normal. Assim podemos detectar ou
excluir uma cardiopatia e programar o nascimento do bebê, proporcionando uma
gravidez mais tranquila para toda a família.
Sobre a Dra Sandra
Mattos: diretora da Célula C, projeto integrado
de cardiologia materno fetal e infantil que contempla os braços da assistência
médica em saúde privada, pública e filantrópica, no que diz respeito a
diagnósticos, profilaxia, tratamentos e cirurgias, atuando também no campo
da pesquisa e formação de profissionais de saúde para o atendimento médico
numa perspectiva ampla. Fundada em 1994, conta com uma credibilidade
conquistada em 25 anos de atendimento médico em cardiologia materno fetal e
infantil com excelência, compromisso ético e humano. Sediada no
Hospital
Português de Beneficência em Pernambuco, no Recife,
a
Célula C divide-se em três campos de atuação: Unidade de Cardiologia
Materno Fetal (UCMF), responsável pela assistência médica particular e por meio
da rede conveniada a planos de saúde; Círculo do Coração
(Circor) organização não governamental que atua em parceria entre a
equipe de saúde, o paciente, familiares, complexo hospitalar e voluntários
responsável pela Rede de Cardiologia Pediátrica e Centro de
Estudo Caduceus, referência em pesquisa, formação, soluções e tecnologias
para prática de saúde que soma importantes contribuições à área médica e
para o atendimento em saúde numa perspectiva ampla, com propriedades
intelectuais na forma de patentes, marcas e direitos autorais. De igual
importância, os braços integrados se complementam, tendo como foco a missão de
praticar o atendimento médico em cardiologia materno fetal e infantil com
excelência, empatia, cuidado, afetividade e compromisso ético e humano com a
vida. Uma equipe que há 25 anos, trabalha com o coração.
Fonte
de informações: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário