Desafios da prematuridade: decisões tomadas durante a internação neonatal

24 agosto 2018 | Postado por casinhadacys


Quando uma criança nasce antes das 37 semanas de gestação, a medicina a enquadra como prematura1 e, a partir desse momento, são necessários avaliações e cuidados que variam de acordo com a idade gestacional do bebê. A família também necessita de uma atenção especial pois, independentemente do quão prematura a criança é, o medo e insegurança dos pais em relação aos próximos passos é imenso. Mas atenção! Justamente pela fragilidade da situação, é preciso que tanto médicos quanto familiares tenham em mente que as decisões tomadas na UTI Neonatal podem influenciar o futuro da criança por toda a vida1.
De acordo com a literatura médica, é utilizada uma classificação para identificar o grau de prematuridade da criança, que vai de prematuros extremos (com menos de 28 semanas de gestação) aos prematuros tardios (nascidos entre a 34ª e a 37ª semana)1.   
Além da delicadeza, a maioria deles têm em comum problemas respiratórios, já que o pulmão não está adequadamente desenvolvido, pois costuma ser o último órgão a se formar. “O pulmão imaturo tem déficit de alvéolos e em sua formação vascular, por isso não consegue fazer a transição adequada do útero para o mundo, sente dificuldades de fazer trocas gasosas e falta surfactante para a respiração”, reforça a neonatologista e professora da Universidade Federal de Pernambuco, doutora Jucille Meneses. 
“Principalmente em prematuros extremos e muito prematuros a maturidade incompleta dos pulmões é a causa mais importante de admissão na UTI neonatal”, esclarece Jucille. Essas crianças podem apresentar apneia, síndrome de dificuldade respiratória (SDR) e até taquipneia transitória (pulmão úmido)1, por isso precisam passar por intervenções durante o período na unidade de terapia intensiva que auxiliam na sobrevivência.

Procedimentos que salvam mais do que a vida
Diversos países na Europa têm realizado técnicas minimamente invasivas para a administração de surfactantes (LISA/MIST). Essas têm como principal característica a não intubação do paciente, eliminando, portanto, as complicações que os outros métodos como o INSURE, que necessita da intubação, podem causar4,5. 
“Não basta mantê-los vivos, temos que manter sua qualidade de vida. Estudos mostram que a técnica LISA pode eliminar a necessidade de intubação para a distribuição de surfactantes e reduzir a ventilação mecânica, com suas morbidades relacionadas a longo prazo”, explica o professor doutor Sérgio Marba, Diretor da Divisão de Neonatologia da UNICAMP. 
“Pode ser que o paciente em questão não tenha indicação para o procedimento menos invasivo e necessite de intubação (INSURE), mas isso deve ser definido após uma avaliação. O especialista deve sempre que possível, escolher procedimentos menos invasivos que preservem a saúde e a qualidade de vida do paciente. Vale lembrar que a prematuridade não é doença, mas sim uma condição passageira”, complementa.


Crédito do texto: Burson-Marsteller/Imagens: Reprodução.

Referências
Manual de neonatologia. Secretaria do Estado de São Paulo. Agosto, 2015. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905402/mod_resource/content/1/manual_de_neonatologia.pdf. Acesso em 22/07/2018.
Síndrome do desconforto respiratório agudo: definição. Barbas CSV, Matos. http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2011/n_01/01.pdf. Acesso em: 22/07/2018.
Dargaville P et al. ADC F&N 2011;96:F243-F248. Aguar M et al. Neoreviews 2014
Kribs et al. Pediatric Anesthesia 2007: 17: 364-369
Wu et al. Pediatr Pulmonol. 2017; 52 844-54

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