Novas,
de meia idade ou idosas, brancas, negras, com ou sem instrução educacional,
independente de condições financeiras boas ou ruins, essas mães são o retrato
do povo brasileiro, afetuoso e capaz de ressignificar suas vivências em atos de
coragem, mas sem perder a ternura e a delicadeza.
A
curadora da mostra, jornalista Sílvia Bessa, é também personagem da exposição.
Com 20 anos de profissão e figurando entre as profissionais mais
destacadas do Brasil, considerada em 2010 um dos 15 repórteres mais premiados
do país de acordo com ranking histórico elaborado pelo site especializado
Jornalistas & Cia, de São Paulo, Sílvia no início deste ano de 2018,
figurou como a segunda jornalista a ganhar mais honrarias em todo o Nordeste.
Aos 42 anos, soma mais de vinte prêmios jornalísticos internacionais e
nacionais, entre os quais três Prêmios Esso e de quatro e Prêmio Embratel.
Depois de atuar por mais de 10 anos como repórter política, deu uma guinada na
sua carreira. Passou a escrever sobre escreve sobre temas de cunho social
e regional e direcionou sua preciosa escrita a mulheres e mães após sua
experiência de maternagem: primeiro com uma filha especial que viveu 111 dias e
depois com duas filhas gêmeas.
O
cuidado com a escolha das imagens ficou com a curadoria da fotógrafa
paulista Simone Silvério, grande inspiração e considerada a "Anne Guedes
brasileira", figurando como uma das mais renomadas fotógrafas de família
do país.A produção das imagens foi feita em dois dias inteiros e intensos de
trabalho, recebendo no estúdio essas mulheres e suas famílias. Elas contaram
suas histórias em entrevistas feitas por Sílvia Bessa e gravadas em vídeo.
"Foram momentos de muita emoção e crescimento pessoal e profissional para
todas nós, envolvidas nesse projeto que tenho a honra e alegria de
apresentar", acrescenta Andréa.
Conheça um pouco sobre as mães, sob o
olhar da curadora Sílvia Bessa:
Jakyele Afonso
Na
ponta da Rua Borrazópolis, em Setúbal, tinha uma mãe humilde aflita para doar
uma bebê. “A senhora não pode ficar com ela?”, perguntou à desconhecida Maria
José, a Jô, que saíra para buscar uma filha na aula de piano. Jackyele é a bebê
de três meses que dona Jô ganhou de presente. “O gesto de minha mãe biológica
foi de amor”. Nunca mais a viu. Fez-se mulher com este olhar maternal de Jô.
“Devo tudo a ela. Mamãe é a minha grande paixão”. Hoje Jakyele é mãe de Davi.
Maria Alves Cândido
Um
dia, ela e os irmãos viram-se órfãos de uma mãe viva, que os deixou. Cresceu
com o colo da avó paterna e do pai. Mas o dom de zelar e acarinhar nasceu com
dona Maria, conhecida como Nenzinha. Tem orgulho de dizer que virou babá aos 12
anos. “Nasci para isso. Para mim, de sangue ou não, é como se fossem meus
netos”. Alimentou crianças de parentes e de vizinhos. Dona Nenzinha educou seus
cinco filhos com a bravura do trabalho e o calor do abraço. Viu um, Flávio,
morto.
Libânia Medeiros
Ao
falar dos bebês nascidos pelas suas mãos, Libânia prefere usar o verbo
“receber”. Parteira e referência na Zona Norte do Recife, o conjunto de letras
dá amplitude a um significado. “Receber” no contexto de Libânia é pegar bebês
nos partos; é ouvir alguém tocar a campainha do seu conhecido portão às 2
horas, ela se dispor a pegar na mão de uma parturiente e dizer “calma, vai dar
tudo certo”. Dona Libânia tem centenas de filhos, três filhos do seu ventre e
um “do coração”.
Patrícia Pontual
Desde
menina, a única certeza que Patrícia tinha na vida era esta: a de querer ser
mãe um dia. Estava com 17 semanas de gestação, comemorava o sonho quando foi
surpreendida por um diagnóstico: “Seu bebê tem anencefalia”. Foi dela a
decisão: “Não quero que mexam no meu menininho”. Ele morreu pouco após nascer.
Para Patrícia, a história do filho Davi não foi de dor. “Foi de amor”. Mãe
coragem, diz que tem três filhos: Daniel, Maria Luiza e o anjo Davi.
Áurea Negromonte
Entre
mães de bebês com microcefalia, há quem creia que Áurea é um anjo da guarda que
circula - falante - por aí. Tem as que a consideram madrinha da coletividade,
aquela que cuida, socorre e dá carinho quando tem menino doente. Voluntária,
Áurea começou frequentando hospitais para dar apoio às mães. Hoje se dedica a
projetos que as integre ao mercado de trabalho. É mãe de Mariana e Guilherme e
de dezenas de bebês chamados por ela de raros.
Rosa Maria da Fonseca
Aos
55 anos, resolveu prestar vestibular para pedagogia, como sempre quis. Era
cerceada pelo machismo até então. No dia que pisou numa sala de aula como
professora diz ter feito um juramento. “Vou ensinar a essas crianças a darem um
sim para elas próprias”. Enquanto dá lições de leitura, Rosa ensina sobretudo
autoestima, autovalorização da pele negra para crianças e respectivas mães da
rede pública. Tem três filhos adultos - Patrícia, Renato e Nathália.
Ana Branco
Sabia
que coração de mãe é terra que nem todos pisam. Ana, então, usou o arado para
ajudar a quem precisava. Emprestava os ouvidos às famílias com crianças e
adolescentes em tratamento de câncer. Dividia conhecimentos adquiridos ao
cuidar da filha Natália, filha especial e conhecida no Recife como uma paciente
“lendária”. Ana não é resignação. É mãe-determinação. Mãe de Rafaela, de
Natália, avó (e imagina ser mãe) das gêmeas Maria e Beatriz.
Beca Nascimento
Ao
abrir os olhinhos da ingenuidade dos porquês, Ester resolveu perguntar a
ausência de bonecas negras no comércio. A mãe Beca juntou economias para
realizar o sonho de Ester. Não achou a boneca da propaganda. “Só sei que está
errado, filha”. Em redes sociais, tem sido incansável na valorização de
mulheres e das negras e na não-romantização da maternagem. “As mulheres
precisam se valorizarem e se ajudarem”.
Silvia Bessa
Com
a primeira filha Anaís pulsando no seu ventre, descobriu que ser mãe é também
resistir. Viveu a chegada e a partida de Anaís no mesmo momento. A bebê tinha a
Síndrome de Edwards, acaso genético com impactos neurológicos graves, e viveu
111 dias. “Eu só queria ser uma mãe com dignidade”. Jornalista, voltou à
redação determinada a ouvir e escrever sobre mulheres e mães. Foi premiada dois
anos depois com a gestação das gêmeas Anita e Pilar.
Maria de Lourdes dos
Santos
A
dor maior dela hoje é a falta da mãe idosa, que morreu há quase três anos. Mas
a mãe Maria de Lourdes, conhecida como Dinha na comunidade do Coque onde mora,
também é inspiração para os filhos. Não há uma comida que prove na rua que João
não lembre da mãe. Dinha nunca teve tempo de se cuidar; sempre cuidou e buscou
alimentos para os cinco filhos. É uma mãe real, como uma maioria brasileira.
Dôra Santiago
A
gestação do filho Osmarzinho, para Dôra, “foi um milagre” que ela afirma
comemorar até hoje. Ela estava cansada de sofrer preconceito de vizinhos,
parentes e amigos pela sua magreza na zona rural do interior de Pernambuco,
onde morava. Falavam de Aids, de bulimia, anorexia. A possibilidade de gravidez
era remota. Após ser notícia em jornal, despertou a paixão de um policial.
Engravidou e se decica ao filho celebrando o presente todo dia.
Daniella Brito
Uma
mãe de muitos filhos. Madrasta que virou mãe da filha do ex-marido, órfã desde
pequena que preferiu ficar no Recife com a família Brito a voltar para São
Paulo quando o casal foi desfeito. Mãe de um filho que pariu, e, por afinidade,
dos filhos do atual marido. “Sou mãe dos meus, dos seus e dos nossos”. Espécie
de mãe da coletividade, que sabe acolher com amor, humor e que prega o
respeito.
Beth Queiroz
Um
sequestro relâmpago mudou a vida da técnica de enfermagem UTIs Neonatal Beth
Queiroz. Ela e a filha passaram oito horas com os sequestradores. “A partir
dali, sabia que precisava dar mais atenção à minha filha”. Incrível foi o olhar
maternal dela diante da violência. “O coração da gente não pode se impregnar do
mal”. Beth cursou pedagogia, virou contadora de histórias voluntária de
crianças ao lado de Bia.
Luciana Martins
Casada,
houve dias que a cobrança da sociedade a fez se sentir menos mulher por não
engravidar. Buscou, então, um especialista para ajudá-la. “Vamos contar?”,
disse o médico em um exame. “Um, dois…”. Luciana tornou-se mãe de trigêmeos -
Guilherme, Maria Clara e Maria Tereza. Nasceram no dia de Nossa Senhora da
Conceição, 8 de dezembro. Por dois meses, enfrentou uma UTI mas só saiu com os
três nos braços. “Fui abençoada. Tenho três filhos únicos”.
Monique Cabral
Ela
acha que o filho é um pequeno herói. Veio para salvá-la. Crescido, Francisco
dará sua versão. Saberá que a mãe teve coragem para enfrentar o périplo e
mantê-lo vivo, enquanto equipes de especialistas analisavam protocolos do
Brasil e do exterior e decidiam por fazer a inusitada primeira cirurgia de
retirada do rim de uma gestante em virtude de um câncer. “Em momento nenhum
pensei em desistir dele.” Monique é mãe de um anjo, Letícia, que se foi e de
Francisco.
Severina Barros
Aos
domingos, faz questão de reunir filhos e netos para comer sua tradicional
galinha de capoeira. Aos 80 anos e ativa, é reverenciadas pela prole. “Eu fazia
questão que estudassem”. Severina era dura na cobrança, na esperança de dar a
eles tranquilidade no futuro. Enfrentaram enchentes sucessivas, ficaram sem ter
o que comer, mas ontem e hoje ela foi e é firme como uma rocha.
Daniele Santos
É
a mãe dos novos tempos, preocupada com os outros. Em 2015, teve Juan Pedro,
diagnosticado com microcefalia após a epidemia do Zika Vírus. Sempre sorridente
e serena, tornou-se comum ver Daniele concedendo entrevistas para veículos do
Brasil e do exterior, devassando sua intimidade. “Esta não é uma causa só
minha, por isso procuro ajudar no que posso”. Daniele é mãe de Juan e de
Jennipher.
Brenda Coelho
A
chegada de Anabel, uma bebê que nasceu com limitações, foi para esta mãe um
desabrochar ensolarado. Ninguém sorri melhor que Brenda e compreende tão bem
seu papel em cada dificuldade ou grandes conquistas vividas ao lado de sua
menina. Com leveza, Brenda consegue ser mãe e mulher e atribui a Anabel a
aproximação que estabeleceu com sua mãe. São três mulheres envolvidas pelo amor
maternal.
Sobre Andréa Leal
Embaixadora
da Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos (ABFRN), única
representante do Norte/Nordeste da Professional Photographers of América (PPA),
única fotógrafa do Norte/Nordeste membro da Associação Profissional de
Fotógrafos de Recém-nascidos (APNPI), única representante de Pernambuco membro
da International Newborn Photography Association (INPA), membro da Associação
Nacional de Fotógrafos Profissionais de Criança (NAPCP) e da Baby and Newborn
Photography Association (ANPAS), Andréa fundou e preside a Associação
Nordestina de Fotógrafos de Família (ANFF).
Piauiense de nascimento e pernambucana de coração, a fotógrafa Andréa Leal se especializou em fotografia de família para captar e eternizar o sentimento presente na atmosfera da gestação, partos, dos primeiros dias de vida dos bebês, em casa com a família, quando estão sendo construídos os laços que durarão para sempre.
Descobriu
o amor pela fotografia ao registar os filhos. Em 2013 começou a fotografar
profissionalmente. Em 2015 abriu o primeiro estúdio e em 2017 inaugurou sua
nova casa, um espaço totalmente planejado e de alta tecnologia considerado por
Leo Saldanha, publisher Fhox, principal revista voltada ao ramo fotográfico
brasileiro, um dos melhores estúdios do Brasil.
Mantendo-se sempre atualizada nos mais diversos aspectos que envolvem o setor, por meio de cursos, seminários, workshops dos quais participa em todo o país, Andréa preocupa-se também em capacitar os profissionais locais sobre cuidados, novas técnicas, negócios e promove uma série de workshops no auditório do Empresarial Casa Forte Corporate, empresarial onde fica o estúdio Andréa Leal Fotografia, na Rua do Chacon, 274, Casa Forte, Recife .
Em seus projetos de caráter humano e documental, Andréa busca usar a fotografia para espalhar sementes das bandeiras que defende: a amamentação, o parto natural e humanizado, a presença mais efetiva dos pais na vida dos filhos, o respeito às crianças especiais e tantas outras.
No projeto Luz Natural, eu registro de partos normais ou naturais realizados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) localizados na Região Metropolitana do Recife . O primeiro a receber o projeto foi o Hospital da Mulher do Recife (HMR), que tem como filosofia a adoção do parto humanizado e o empoderamento da mulher como protagonista deste momento único em sua vida. O objetivo é informar sobre os benefícios do parto natural e acabar com o preconceito, desmistificando a ideia de uma experiência de alto risco, sofrimento, insegurança. O projeto se solidificou, gerando a fundação do Instituto Luz Natural, Organização Não Governamental (ONG) que apoia o parto natural humanizado.
Com o projeto "Toda Criança é Especial", retrata crianças com microcefalia, autismo, Down e outras síndromes, que desde cedo aprenderam a lutar pela vida , com respeito à infância e alegria. A ideia é mostrar que toda criança é única , especial e está aqui para ser cuidada e ser feliz. Duas dessas imagens foram escolhidas para integrar o calendário do Unicef.
No
projeto meu pai meu herói, fotografa pais em momentos especiais com seus filhos
para falar da importância da figura paterna e defender maior participação
masculina no cotidiano das crianças, pai homo afetivos, solteiros, com
deficiências, adotivos mostraram que essa presença faz diferença na vida de
todos.
Com a sensibilidade aguçada para encontrar a essência das pessoas em seus trabalhos, Andréa Leal se especializou na técnica do retrato com Evandro Veiga, considerado um dos maiores retratistas do Brasil e lança este ano um projeto de empoderamento pessoal e profissional. A ideia é produzir fotos de perfis profissionais ou de redes sociais que cheguem à posição almejada, numa perspectiva de redirecionamento de carreira, novos desafios e oportunidades. Acreditando na máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras, Andréa segue uma trajetória competente, marcada por constante capacitação e projetos pautados na sensibilidade, deixando que a fotografia fale por ela e conte uma história de sucesso e realização.
Texto de: Patrícia Fonseca/Imagem: Divulgação
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