Depois
de um mês inteiro dedicado ao combate e à conscientização sobre o câncer de mama, promovido pela campanha Outubro Rosa, em 27 de novembro é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer. E a luta das mulheres contra essa doença continua, já que alguns tipos atingem especificamente a população feminina.
Além
das altas incidências no Brasil dos cânceres de pele, cólon e reto, e pulmão,
que acometem ambos os sexos, existem os específicos na mulher, como os de colo
de útero, endométrio (corpo do útero), ovário e de vulva. Apesar de serem menos
prevalentes que o de mama, também são uma ameaça à saúde feminina. Alguns deles
não apresentam sinais expressivos de aparecimento, chegam silenciosamente, e
esse é o perigo.
Com
exceção do câncer de endométrio, que provoca sangramento aumentado, e o de
vulva, que é visualmente perceptível, nos outros casos, quando aparecem os
sintomas, a doença já se encontra em estágio avançado. Por isso, a principal
recomendação é que as mulheres comecem a fazer a prevenção, recebendo as
informações e esclarecimentos pertinentes a cada tipo de câncer.
“No
câncer de colo uterino, por exemplo, que vem logo após ao de mama em incidência
dos cânceres ginecológicos, as lesões precursoras não têm sintomas, mas podem
ser rastreadas através de exames e evitar de forma segura o aparecimento da
doença”, explica André Luís Ferreira Santos, ginecologista e obstetra de Taubaté
e presidente da Regional Vale do Paraíba da Associação de Obstetrícia e
Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).
De
todos esses tipos, o câncer de colo de útero é o que apresenta prevenções mais
efetivas, sendo absolutamente evitável por meio da vacina contra o HPV,
utilização de preservativos nas relações sexuais e colher o exame de prevenção
a partir dos 25 anos de idade (citologia oncológica de colo uterino, conhecido
também como exame de Papanicolaou). “Não era, portanto, para termos uma incidência
ainda tão alta e com tanta morbimortalidade desse tipo de câncer aqui no
Brasil, que chegou a mais de 16 mil novos casos em 2016”, reforça Santos.
Segundo
o ginecologista, ainda não existem métodos de prevenção efetivos para os
cânceres de ovário e endométrio, como há para o colo uterino. O que se consegue
é diagnosticá-los quando já presentes através dos exames de imagem,
principalmente o ultrasson transvaginal. O de endométrio, pelo fato de ter a
manifestação precoce com o sangramento, é possível fazer o diagnóstico com a
doença ainda inicial, mas infelizmente isso não ocorre com o de ovário. Assim,
a ultrassonografia passa a falsa ideia de que é suficiente para prevenir essas
doenças. “Mas é importante estar atento para os fatores de risco, e a história
familiar é o principal deles. Para os tratamentos, depende do estágio da doença
e da agressividade de cada tipo de tumor. Quanto mais precoce for o
diagnóstico, menos agressivo será o tratamento”, pontua o especialista.
“Tirando
o câncer de pele não melanoma, o que mais afeta homens e mulheres em todo o
País em virtude do clima tropical, o mais incidente na mulher é o de mama, com
dados estatísticos alarmantes, com um novo caso a cada 15 minutos e um óbito a
cada 30 minutos. Essa é uma situação preocupante, e dentro dos países
desenvolvidos, que oferecem saúde de ponta, as taxas também são alarmantes,
mostrando que ainda faltam métodos eficazes para prevenir esse tipo de câncer”,
reforça o médico.
Infelizmente,
ainda não existem formas efetivas de identificar a lesão precursora do câncer
de mama, como é possível de se fazer nos casos de câncer de colo de útero. Mas
a mamografia é extremamente importante, pois pode fazer o diagnóstico precoce,
detectando as lesões ainda impalpáveis e aumentando a taxa de cura com
tratamentos menos agressivos. O problema é que nas mulheres jovens esse exame
tem limitações para diagnosticar as lesões, e a incidência dos casos nessa
população tem aumentado. O exame torna-se efetivo em detectar as lesões ainda
impalpáveis em mulheres a partir dos 40 anos.
“Não
podemos deixar de destacar os cânceres não ginecológicos com alta incidência na
mulher. Desses, destacamos o câncer de pele, de maior incidência aqui no
Brasil, portanto o uso de filtro solar é hoje imprescindível para se proteger,
e é preciso estar atento ao aparecimento e ao aumento de manchas diferentes na
pele, procurando o médico caso presentes. Outro muito importante é o câncer de
cólon e reto, que em 2016 foi o segundo com maior incidência nas mulheres
segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A história familiar, a pesquisa
de sangue oculto nas fezes a partir dos 50 anos e a colonoscopia são
importantes armas para combater esse importante tipo de câncer em nosso meio”,
alerta Santos.
Além
de estar atento ao histórico familiar e passar no médico periodicamente, as
principais recomendações para a prevenção do câncer de uma forma geral são
praticar atividades físicas com regularidade, evitar os fatores oncogênicos
ligados à alimentação, obesidade, abuso de álcool, tabagismo, estresse e vida
sedentária. “E tentar levar uma vida mais alegre, feliz, sem mágoas, sem
raivas, sabendo perdoar, ter esperança, otimismo, amizades e amor”, finaliza o
ginecologista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário