Em
1982, quando embarcou para uma viagem à Europa da qual nunca mais retornaria,
Aloisio Magalhães carregava Olinda debaixo do braço. No meio de uma cruzada
para transformar a cidade histórica em patrimônio mundial, o artista plástico
formado em direito e devotado ao desenho industrial, ardoroso defensor de uma
identidade cultural brasileira e criador de solenes marcas e símbolos
nacionais, como as cédulas de cruzeiro novo, levava consigo o álbum de
litogravuras Olinda, de sua autoria. O mesmo que desembarca, nesta quinta (30),
no equipamento da Prefeitura do Recife que carrega no rótulo um dos mais
importantes artistas que Pernambuco produziu: o Museu de Arte Moderna Aloisio
Magalhães (MAMAM).
A
partir das 19h, a última exposição que ocupará as paredes do museu em 2017,
estreia, para convidados, numa produção conjunta entre a Fundação Joaquim
Nabuco (Fundaj) e o próprio MAMAM, para celebrar os 90 anos de nascimento do
artista. Para o público, a exposição abre na sexta, dia 1º de dezembro.

Ao
todo, a mostra intitulada Olinda nos quatro cantos do mundo — e no
coração de Aloisio Magalhães apresenta 11 litogravuras do álbum Olinda,
derradeira empreitada do artista, produzidas em 1981. As obras fazem parte da
coleção do MAMAM.
“Olinda
era a cidade do seu aconchego, o seu refúgio, a cidade que o ensinava a ver -
assim como a nós. A ela, sem o saber, rendeu a última homenagem. Aloisio a
presenteou com os seus desenhos, fez-lhe um álbum inteirinho de litogravuras:
Olinda. E a levou para o mundo, para que outros a conhecessem e a reconhecessem
em sua singularidade histórica e cultural e em sua beleza de cidade à beira-mar
plantada”, escreveu Rita de Cássia Barbosa de Araújo, historiadora e
pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, sobre o conjunto de obras que ficará
exposto no museu para visitação gratuita até o dia 25 de fevereiro de 2018.
VISITAS
EDUCATIVAS
Visitas
educativas são gratuitas e estão disponíveis para escolas e grupos. Devem ser
agendadas pelo telefone 81 3355-6871 ou pelo e-mail educmamam@gmail.com. No
primeiro andar do museu, também estará aberta à visitação a exposição Carimbos,
de José Cláudio.
SOBRE
ALOISIO MAGALHÃES
Sobre
o artista, a pesquisadora Rita de Cássia, da Fundaj, escreveu ainda: “Aloisio
Sérgio Barbosa Magalhães, pernambucano do Recife, nasceu em 5 de novembro de
1927. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do
Recife. Ainda estudante, atuou como cenógrafo e mestre de bonecos no Teatro de
Estudantes de Pernambuco – TEP. Entre a década de 1950 e a metade dos anos
1970, Aloisio Magalhães voltou-se para as artes plásticas e o desenho
industrial. Em Paris, estudou Museologia na École du Louvre, e frequentou o
Atelier 17, um centro de divulgação de técnicas de gravura. Passou uma
temporada nos Estados Unidos, dedicando-se às artes gráficas e à programação
visual. De volta ao Recife, em 1954, junto aos amigos Gastão de Holanda, José
Laurênio de Melo e Orlando Costa Ferreira, fundou a oficina experimental de
arte O Gráfico Amador. Sem finalidade lucrativa, a oficina produzia livros
quase artesanalmente, por meio de uma prensa manual, primando pela qualidade
artística e gráfica das impressões. O Gráfico Amador encerrou suas atividades
no final de 1961, deixando um legado de 27 obras publicadas.
No
início dos anos 1960, Aloisio Magalhães mudou-se para o Rio de Janeiro,
casando-se com a artista plástica Solange Valborg Magalhães, com quem teve duas
filhas: Clarice e Carolina Magalhães. Abriu um escritório de comunicação visual
e, em 1963, colaborou para a criação da Escola de Desenho Industrial – Esdi, na
qual chegou a lecionar. Nesse período, criou marcas e símbolos que alcançaram
grande repercussão entre a crítica especializada e o público brasileiro em geral,
a exemplo do símbolo das comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro,
vencedor do primeiro prêmio em concurso público (1964); do Unibanco (1965); da
Light (1966); da Petrobrás (1970) e das novas cédulas do Cruzeiro Novo (1966).
Aloisio Magalhães inovou no desenho das notas, respaldando-se nas suas
experiências com a justaposição espelhada, desenvolvida nos Cartemas e nas
gravuras. Ele foi, também, responsável por trazer ao Brasil a tecnologia da
produção da moeda nacional.
A
partir de questionamentos sobre a natureza do produto brasileiro, Aloisio
Magalhães enveredou definitivamente para o campo da cultura. Motivava-o,
sobretudo, a busca por uma identidade nacional em que o processo de
desenvolvimento econômico reconhecesse e valorizasse a cultura brasileira,
singularizada pela diversidade, pluralidade e heterogeneidade de práticas e
manifestações culturais. Ele foi um dos idealizadores do Centro Nacional
Referência Cultural – CNRC, coordenando-o de 1975 a 1979. Esse projeto
experimental o credenciou a assumir diversos cargos no Ministério da Educação e
Cultura - MEC: diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– Sphan, e presidente da Fundação Pró-Memória, ambos em 1979; diretor do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, também em 1979;
secretário da Cultura, em 1981; além de membro do Bureau do Comitê do
Patrimônio Mundial da Unesco, de 1981 a 1982. À frente desses órgãos de
cultura, liderou processos de reestruturação administrativa e funcional,
promoveu inovações conceituais e coordenou equipes de trabalho responsáveis por
formular, planejar e executar políticas públicas de cultura e de preservação do
bem cultural.
Em
1982, Aloisio Magalhães embarcou com destino à Europa, levando consigo o álbum
de litogravuras de sua autoria, Olinda (1981). Tinha por missão defender, junto
ao Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco reunido em Paris, a inserção do sítio
histórico de Olinda na lista de Patrimônio Mundial. Antes, porém, de passagem
pela Itália, sofreu um grave acidente vascular cerebral e veio a falecer em 13
de junho daquele ano."
Serviço
Olinda
nos quatro cantos do mundo — e no coração de Aloisio Magalhães
Abertura:
30 de novembro, às 19h
Visitação:
1º de novembro de 2017 a 25 de fevereiro de 2018
Local:
Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), na Rua
da Aurora, 265, Boa Vista
Horário:
Terça a sexta, das 12h às 18h, e sábados e domingos, das 13h às 17h
Entrada
gratuita
Informações
e agendamentos: 81 3355-6871 ou pelo e-mail educmamam@gmail.com
Fonte de informação: Prefeitura do Recife/ Fonte das imagens: Divulgação.
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