Normalmente
as famílias me procuram porque seus filhos estão apresentando alguma
dificuldade com sua alimentação. Em muitos casos essa “dificuldade” faz parte
de um quadro bem maior, que envolve todo o desenvolvimento da criança.
Um
dos aspectos bastante frequente e que costuma interferir em toda a rotina e bem
estar da criança e da sua família, são as alterações no Processamento
Sensorial.
Embora
frequente na criança com dificuldade alimentar, poucos profissionais sabem
identificar precocemente, o que dificulta ainda mais o diagnóstico e
tratamento, agravando ainda mais o problema. Muitas crianças são rotuladas como
“birrentas”, difíceis ou “mimadas” e impossíveis de serem controladas. Muitas
famílias restringem seu convívio social por não conseguirem controlar os
comportamentos inadequados dos seus filhos. Muito desses comportamentos
tido como incontroláveis, a agitação ou apatia frente a determinadas situações
da vida diária, podem ser sinais de alteração do processamento sensorial.
Os 10 sinais e sintomas
que consideramos importantes serem observados quando se suspeita de uma
dificuldade sensorial:
1.Dificuldade com tarefas de cuidados pessoais, mais especificamente como escovar
os dentes, cortar o cabelo, as unhas, lavar os cabelos e o corpo. Estou falando
aqui de realmente não gostar, uma aversão significativa tamanha que podem ser
necessários vários adultos para segurar uma criança para que suas unhas sejam
cortadas. A família pode até ter parado de tentar cortar os cabelos da criança
ou dar um banho de banheira, porque a criança nesses casos tem seu
comportamento muito alterado, ficando nervosa, agitada e muitas vezes
incontrolável quando exposta a essas situações.
2.Criança seletiva para comer. Recusar certas comidas pela textura (cremosa /
crocante / com grumos) ou resistir a certos sabores e temperaturas. Infelizmente,
este ponto pode ser difícil, porque muitas crianças são seletivas. Mas mais uma
vez, estamos falando de dificuldades significativas para comer, do tipo que faz
com que a rotina da família e/ou a nutrição da criança seja(m) afetada(s).
Podemos ver uma criança só querendo comidas crocantes (biscoitos, chips…) ou
que não come comidas com várias texturas diferentes, como um pão com patê. Às
vezes, algumas crianças têm a tendência a só aceitar alimentos de uma
determinada cor, ou marca e/ou formato específico. Outras crianças podem
resistir a certas temperaturas (só aceitam o alimento a uma determinada
temperatura, ou quente ou frio, ou ainda apenas em temperatura ambiente).
3.Extrema dificuldade em ter o rosto ou as mãos sujas durante brincadeiras ou
durante o momento da alimentação. Ouço pais dizerem “Se ele suja as mãos
de comida, ele fica reclamando e chacoalhando as mãos até que eu as limpe”.
Essas crianças também podem resistir a aceitar alimentos na forma de purê ou
cremosa.
4.Não gostar de brincar com areia, de passar loções na pele ou usar roupas feitas
com certos tipos de tecido. Frequentemente, crianças com sensibilidade
tátil ou defensividade tátil, evitam atividades onde substâncias/coisas fiquem
grudadas às suas mãos. Essas atividades (pintura com dedo, brincar na areia ou
com creme de barbear) geram inputs táteis, que são mais difíceis de serem
interpretados pela criança com dificuldade sensorial.
5.Demonstrar medo quando são movimentadas para trás em atividades diárias e ou
lúdicas. Estes comportamentos podem ser indicadores que estas crianças não
entendem sua relação com a gravidade como resultado de um processamento
vestibular ineficiente. Frequentemente, essas crianças têm um histórico de
relutar para trocar a fralda, enxaguar o cabelo no banho e/ou brincar no parque
com determinados brinquedos.
6.
Demonstrar medo ao ter os pés retirados do chão (brincar no balanço, de
cavalinho, descer do meio-fio). Mais uma vez, estes são comportamentos que
podem indicar que a criança não está processando adequadamente os inputs de
movimento vestibular e que ela não entende a diferença de estar em um degrau de
10 cm e uma trava olímpica de 120 cm de altura.
7.
Escalar / pular / cair constantemente a ponto de a criança ter dificuldade em
ficar parada para completar uma atividade simples e apropriada para sua idade. Este
ponto também pode ser difícil de interpretar porque é esperado que crianças
mais novas ainda estejam aprendendo a parar e realizar atividades recreativas
simples. Então, o que estamos buscando ver, é uma criança que procura tanto se
movimentar que ela tem uma dificuldade significativa em realizar uma atividade
sentada por mais de 1 ou 2 minutos. Nós também estamos buscando ver se essa
criança tem dificuldade em permanecer sentada à mesa no momento da refeição, se
ela se afasta da família com frequência quando em lugares públicos e
sobe/escala móveis da casa demasiadamente.
8.Procurar girar, balançar ou realizar outras atividades se movimentando
excessivamente. Estes tipos de comportamento podem indicar que a criança
tem um input de processamento vestibular ineficiente e como resultado, tem uma
necessidade extra de se movimentar para tentar modular seu nível de agitação.
Perceba se a criança gosta de ficar girando em círculos, ficar correndo no
tapete da sala ou dirigindo ao redor de algo com brinquedos, com uma
“motoquinha”, por exemplo.
9.A criança apresenta dificuldade para permanecer sentada por longos períodos de
tempo. Crianças com processamento vestibular ineficiente muitas vezes possuem
baixo tônus muscular. Nós descrevemos estas crianças como tendo aparência
hipotônica e parecem movimentar suas articulações além do normal.
10.
Dificuldade com transições e com o sono, às vezes podem ter relação com
processamento sensorial ineficiente. Essas crianças podem ter problemas em
filtrar todas as informações sensoriais recebidas do ambiente, assim como dos
seus próprios corpos. Nós chamamos esta habilidade de autoregular nosso nível
de agitação, de “modulação”. Crianças com dificuldade de modulação
frequentemente têm dificuldade de se acalmar, têm acessos de birra/raiva , têm
dificuldade de permanecerem adormecidos e têm dificuldade em transacionar entre
tarefas e atividades.
Fonte:
Encontramos este texto publicado na página do Instituto Infantil que você pode conferir acessando AQUI. O texto foi
adaptado pela Fonoaudióloga Dra. Patrícia Junqueira. Ele originalmente foi publicado AQUI.
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