Muitas
receitas de milho, forró, quadrilhas matutas e fogueiras, muitas fogueiras.
Elementos mais que presentes no período junino, as fogueiras e os fogos de
artifício são um verdadeiro tormento para os alérgicos, que podem sofrer crises
de asma brônquica, rinites e alergias oculares causadas pela fumaça que toma
conta da cidade. “Além do cheiro incômodo, a fumaça é um corpo estranho, uma
substância que vai entrar na narina e no pulmão e provocar coriza, rinite
alérgica ou mesmo sinusite”, explica o pneumologista, Guilherme Costa, do
Hospital Jayme da Fonte. A irritação pode vir acompanhada de tosse seca,
rouquidão, dor de cabeça e tontura, podendo ocorrer ainda asma grave.
Quem
também merece maior atenção no período são as crianças, que podem ser vítimas de
queimaduras no momento de manusear os fogos ou, no dia seguinte, pisar nas
cinzas ainda quentes das fogueiras. “Não existem fogos de artifício inocentes.
Todos são potencialmente danosos à nossa integridade física, à nossa saúde”,
alerta o cirurgião plástico Guilherme Torreão, também do Jayme da Fonte.
Conforme
explica o cirurgião, o mês das festas juninas é o período do ano no qual é
registrado o maior número de pessoas vítimas de queimaduras. “Potencialmente,
todos os fogos de artifício são perigosos”, explica. “Vamos dar o exemplo do
traque de massa”, continua, “aparentemente, ele é inofensivo, mas é muito
difícil uma criança manusear apenas um traque de massa. Há um somatório da
carga de pólvora que torna esses fogos de artifício tão perigosos como bombas
ou rojões”.
No
caso da fumaça, o problema maior está naqueles que se encontram nos extremos de
idade (crianças e idosos). “O idoso já tem um pulmão debilitado e, na medida em
que é exposto à fumaça, desenvolve um quadro mais grave de insuficiência
respiratória”, afirma Guilherme Costa. Quanto às crianças, elas podem
desenvolver um quadro de asma devido à fumaça. Quem sofre do coração também é
prejudicado, podendo vir a desenvolver insuficiência cardíaca.
Em
relação às queimaduras, as pessoas devem evitar segurar os fogos de artifício
com as mãos; não tentar acender os fogos que falharem; disparar os fogos apenas
ao ar livre e um de cada vez; não deixar as crianças manusearem os produtos; e
nunca associar bebidas alcoólicas ao uso de fogos.
Para
os alérgicos, é preciso ficar longe das fogueiras e fogos de artifício. Mas,
caso não seja possível se afastar dos focos de fumaça, deve-se fechar portas e
janelas, colocando toalhas molhadas nas frestas para impedir a entrada da
fumaça. As crianças podem dar uma passada rápida na festa, devendo ficar
resguardadas da fumaça ao voltarem para casa.
“O
ideal é que as pessoas não manuseassem fogos de artifício e nem acendessem
fogueiras”, afirma o Dr. Guilherme Torreão. “O que precisamos é conciliar o
aspecto cultural com os cuidados básicos que precisam ser tomados quando do
manuseio de fogos de artifício e fogueiras”, completa o profissional. Em caso
de queimadura, a região afetada deve ser lavada com água corrente ou soro
fisiológico e protegida com uma compressa úmida. Sangramentos podem ser
estancados envolvendo-se o local com pano limpo úmido. O paciente deve ser
levado ao médico imediatamente, pois apenas o profissional pode avaliar
corretamente o quadro e determinar o tratamento correto. O mesmo vale para as
crianças que apresentarem crise alérgica, que devem ser levadas ao pediatra.
Texto: Amanda Galvão.
Imagem: Reprodução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário